Eles querem trocar a cadeira na Câmara dos Deputados por um mandato de prefeito. A três meses das eleições municipais, Zero Hora faz um levantamento da atuação parlamentar dos oito deputados federais gaúchos que serão candidatos em outubro.

Os números revelam o desempenho dos deputados Cezar Schirmer (PMDB), Luciana Genro (PSOL), Manuela DÁvila (PC do B), Maria do Rosário (PT), Onyx Lorenzoni (DEM), Paulo Pimenta (PT), Pepe Vargas (PT) e Tarcísio Zimmermann (PT) nos primeiros seis meses de 2008. Juntos, eles faltaram 88 vezes ao trabalho, apresentaram 123 projetos, fizeram 235 discursos e gastaram R$ 605.286,25 em verbas de gabinete. A análise do comportamento dos deputados foi feita a partir de dados coletados no portal Transparência da Câmara, de 1º janeiro a 27 de junho.

Para o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) do Congresso, Antônio Augusto Queiroz, os números revelam uma situação tradicional: em ano de eleições, os parlamentares acabam trocando o plenário do Congresso pelas negociações de campanha.

- A produção diminui porque os parlamentares estão voltados para as bases. Mas, passada a eleição, eles acabam votando matérias em maior volume - ameniza Queiroz.

A preocupação com a estratégia eleitoral se reflete no emprego da verba de gabinete. Todos os meses, cada deputado tem direito a R$ 15 mil, isentos de tributação, para utilizar no exercício do mandato. Juntos, os oito candidatos gastaram R$ 463.732,59 para divulgar a atividade parlamentar, alugar escritórios e se deslocar pelo Estado - o equivalente a 76% de todas as despesas do grupo no primeiro semestre.

As faturas com combustível, hospedagem e alimentação totalizam o maior dispêndio (R$ 198 mil). Candidata à prefeitura da Capital, Rosário foi quem mais gastou: R$ 46,9 mil.

- As minhas despesas se mantêm estáveis. Como sou candidata na Capital, o uso da verba no Interior mostra que o dinheiro é todo aplicado no exercício do mandato - explica

Em segundo lugar no ranking estão as despesas com aluguel. No total, foram gastos R$ 162,6 mil. Quem mais investiu na montagem de escritórios foi Zimmermann, candidato a prefeito de Novo Hamburgo, com R$ 35 mil em seis meses.

- Eu utilizo a mesma estrutura desde 2003, com gabinetes em Novo Hamburgo, Parobé e Porto Alegre - justifica.

Nenhum gaúcho esteve presente em todas as sessões

A terceira maior despesa dos candidatos foi com divulgação do mandato. A propaganda da atividade parlamentar somou R$ 102 mil. Quase um terço desse total, R$ 31 mil, foi gasto por Luciana, postulante do PSOL à prefeitura da Capital. A deputada não foi localizada para comentar as despesas.

Zero Hora também compilou as informações sobre o comportamento dos deputados em plenário. Nenhum deles esteve presente nas 85 sessões deliberativas do semestre. A mais ausente foi Maria do Rosário, com 18 faltas, sete delas justificadas. A deputada admite que o processo eleitoral influencia sua atuação parlamentar, mas alega que já enviou as justificativas para pelo menos outras cinco faltas que constam no site da Câmara.

Já o parlamentar com maior número de proposições foi Onyx Lorenzoni. Ele apresentou 67 emendas e projetos de lei. Candidato à prefeitura de Porto Alegre, Onyx também foi quem mais gastou as verbas de gabinete, R$ 89,6 mil.

- Nunca excedi o limite de gastos. Contratei uma consultoria para discutir a reforma tributária e um jornalista porque estava descoberto na área de comunicação - argumenta Onyx.

Candidatos à prefeitura de Santa Maria, Pimenta e Schirmer não protocolaram nenhum projeto em 2008. Eles reclamam da demora na análise das propostas.