Deputados estaduais de oposição querem instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de Ivonei Raul da Silva, proprietário da Revista Metrópole, preso por extorsão contra o governo do Estado. Nei, como é conhecido, teria pedido dinheiro em troca de não publicar o livro A Descentralização no Banco dos Réus.
A notícia da prisão de Ivonei foi repercutida durante a sessão da Assembléia Legislativa de terça-feira. Até a noite já haviam sido colhidas 10 das 14 assinaturas necessárias para instauração de uma CPI.
A proposta surgiu após o pronunciamento do líder Pedro Uczai (PT) na tribuna e logo foi apoiada, em discurso, pelo deputado Jaime Pasqualini (PP). A justificativa de Uczai é que os deputados devem fiscalizar a veracidade do conteúdo do livro, independente do fato policial da extorsão.
Para ele, há alguns pontos que devem ser esclarecidos. Um deles é se Nei Silva realmente tinha créditos a receber do governo. Se
havia débito por parte do governo,
o deputado questiona se há provas dos trabalhos prestados pela revista. Outra questão é que, se houve a prestação do serviço, o dinheiro que pagou foi público ou privado? Qual a razão da extorsão se o material já havia sido publicado na quarta-feira da semana anterior? E por fim, qual a relação entre extorsão e liberdade de expressão, já que o juiz proibiu a divulgação do conteúdo do livro.
O líder do governo no Legislativo, Herneus de Nadal (PMDB), pede ponderação. Para ele, não há necessidade de instauração de uma CPI porque a Justiça vai cuidar do assunto de forma isenta, "ao invés de se criar um palanque em véspera de eleição".
Documentos foram oferecidos para o PP
Nei Silva teria oferecido os documentos e gravações que diz possuir, contendo supostas irregularidades no governo Luiz Henrique, ao PP de Santa Catarina. A informação é do advogado Gley Sagaz, do PP, que relatou os episódios na Assembléia Legislativa na
tarde de terça-feira.
Segundo ele, ainda
no ano passado, como não recebia do governo estadual os recursos a que teria direito por publicidade, outdoors e matérias pagas, Nei enviou mensagem pela internet ao ex-governador Esperidião Amin. Comunicava estar sendo vítima de calote oficial e oferecia a documentação ao ex-governador.
Amin transferiu a responsabilidade do contato para o advogado Gley Sagaz, alertando-o para tomar cuidado e ouvi-lo na presença de testemunha. O advogado falou pelo telefone com o empresário de Blumenau e depois recebeu Nei Silva em seu escritório de Florianópolis.
O dono da Metrópole mostrou vários documentos e gravações. Ofereceu tudo ao PP, mediante pagamento de R$ 1,2 milhão. A proposta foi rejeitada e os contatos encerrados.
Quando o Tribunal Superior Eleitoral prosseguia o julgamento do pedido de cassação do diploma do governador Luiz Henrique, Nei Silva voltou a ligar para o advogado. Reiterava as críticas ao governo pelo alegado calote e mencionava a
existência de um livro, relatando todo o
ocorrido.
O encontro aconteceu em Florianópolis, quando exemplares da obra foram entregues ao advogado, que chegou a encomendar mais 50 unidades. A entrega seria feita no dia em que ocorreu o flagrante da prisão na frente do Cambirela Hotel.
DIÁRIO CATARINENSE
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