O blumenauense Ivonei Raul da Silva, preso em flagrante na segunda-feira suspeito de extorsão contra o governo do Estado, se negou a auxiliar os investigadores da Diretoria de Investigações Criminais (Deic) durante uma diligência realizada nesta terça-feira em Blumenau, no Médio Vale.
Os policiais buscavam acesso às informações — gravações, documentos e fotos — que comprovariam as supostas irregularidades denunciadas pelo empresário e o envolvimento da revista Metrópole, da qual Ivonei é sócio, com o governo estadual.
De acordo com o delegado Renato Hendges, o empresário havia se comprometido a entregar o documentos à polícia no dia da prisão. Hoje ele negou ter o material.
Também nesta terça, Nei Silva, como é conhecido, anunciou que somente volta a se pronunciar sobre o caso em juízo. Ele permanece detido na sede do Deic, no bairro Estreito, na parte Continental de
Florianópolis. Na quarta-feira, Hendges vai solicitar a
remoção de Ivonei para a cadeia pública da Capital.
A prisão
A prisão de Nei Silva aconteceu em frente ao Hotel Cambirela, que fica a poucos metros da sede da Deic.
Nei Silva recebeu voz de prisão quando, segundo o delegado, se preparava para pegar R$ 40 mil do ex-secretário de Planejamento e atual presidente da Indústria Renaux View, Armando Hess de Souza, que estava na condição de interlocutor do governo, conforme o delegado.
Nei foi preso sob acusação de tentar extorquir R$ 1,6 milhão do governo do Estado para não divulgar o livro A Descentralização no banco dos Réus com supostas denúncias contra o governador Luiz Henrique, secretários e prefeitos.
Prisão temporária já estava decretada
Segundo Renato Hendges, a prisão temporária de Nei foi decretada ainda na sexta-feira. Na noite de sexta, Ivonei teria se
encontrado com o interlocutor do governo em um restaurante em Itapema, no Litoral Centro-Norte.
Na ocasião, a polícia comprovou a extorsão. Na conversa, o empresário teria solicitado o pagamento de R$ 40 mil em até 24 horas.
— Ivonei já teria sido preso de qualquer forma, mesmo se tivesse desistido da cobrança dos R$ 40 mil, já que o crime de extorsão é configurado pela "exigência de quantia indevida mediante grave ameaça" — ressaltou.
No caso, como o suspeito foi preso em flagrante, não houve a necessidade do cumprimento da prisão temporária. Hendges espera finalizar o inquérito policial sobre o caso em até 10 dias.
A Descentralização no Banco dos Réus
No livro A Descentralização no Banco do Réus, Nei Silva acusa o governador, secretários de Estado e vários prefeitos de usar dinheiro público para promover ações do governo durante a campanha de 2006.
Revista baseou processo que pediu cassação de LHS
A Metrópole foi pivô do processo que, recentemente, quase provocou a cassação do mandato do
governador Luiz Henrique da Silveira por abuso de poder econômico e propaganda irregular. As matérias, sempre enaltecendo ações do governo e o projeto de Descentralização, foram publicadas nos meses que antecederam a eleição de 2006.
Segundo Nei, as "reportagens" foram pagas com dinheiro público (Estado e prefeituras) ou por empresas indicadas pelo governo, que na época estava proibido de fazer propaganda institucional por conta de uma decisão da Justiça.
DIARIO.COM.BR
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