O empresário blumenauense preso em flagrante por extorsão contra o governo do Estado prestou depoimento na sede da Diretoria de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, na tarde desta segunda-feira.
Ivonei Raul da Silva, dono da revista Metrópole, nega a acusação da polícia. Ele alega que estaria apenas cobrando uma dívida do governo, já que sua empresa teria dinheiro a receber por serviços de publicidade.
— Vou provar que não houve extorsão. Houve a busca do direito de cobrar. A empresa faliu e eu fui atrás dos direitos possíveis de cobrança — explicou o empresário, que foi preso ainda pela manhã, num hotel da cidade.
A Secretaria de Segurança Pública foi acionada pelo governo na sexta-feira e armou o flagrante. Ivonei foi preso porque, segundo as investigações, estaria ameaçando publicar um livro com denúncias contra pessoas ligadas ao governo e ao Judiciário catarinense.
— Ele preparou um dossiê
com documentos e passou a fazer contatos com um interlocutor
do governo. Esse dossiê foi usado como moeda de troca, para receber acima de R$ 1 milhão — apurou o delegado Renato Hendges, da Deic, que não quis dar detalhes do inquérito e pediu segredo de Justiça por se tratar de denúncia contra o governo e o Judiciário.
O radialista Danilo Gomes, sócio de Ivonei, também se apresentou na Deic para prestar esclarecimentos sobre o caso. Ele estava companhado de dois advogados. Gomes teria escrito o prefácio do polêmico livro.
A Secretaria de Segurança Pública informou que o governo do Estado não vai se manifestar porque este é um caso policial, e não político.
A Descentralização no banco dos Réus
Ivonei, que é conhecido como Nei, escreveu o livro A Descentralização no Banco do Réus, em que acusa o governador, secretários de Estado e vários prefeitos de usar dinheiro público para promover ações do governo durante a campanha de
2006.
Para a polícia, o livro é um dossiê contra o governo e, mesmo com a
prisão em flagrante, todas as informações, documentos e fotos que recheiam as 355 páginas do livro serão investigados pela polícia e pelo Ministério Público Estadual.
Já havia um inquérito instaurado para investigar o caso. O delegado Hendges espera concluir os procedimentos policiais em breve.
A publicação conta com duas partes e 55 subtítulos. É ilustrada com mais de 60 reproduções de documentos, 25 diálogos reproduzidos e 15 fotos. Em cada subtítulo Silva relata detalhes de supostas negociações para realização de matérias e venda de anúncios da revista, que tem sede em Blumenau.
Revista baseou processo que pediu cassação de LHS
A Metrópole foi pivô do processo que, recentemente, quase provocou a cassação do mandato do governador Luiz Henrique da Silveira por abuso de poder econômico e propaganda irregular.
As matérias, sempre enaltecendo ações do governo e o projeto de
Descentralização, foram publicadas nos meses que antecederam a eleição de
2006.
Segundo Silva, as "reportagens" foram pagas com dinheiro público (Estado e prefeituras) ou por empresas indicadas pelo governo, que na época estava proibido de fazer propaganda institucional por conta de uma decisão da Justiça.
Contraponto
Gayoso classificou de "pilantragem" o argumento de Silva de que o governo teria contratada a Revista Metrópole para destacar ações do Executivo na véspera da eleição de 2006.
O secretário de Articulação do governo, Ivo Carminatti, reafirmou que não existe qualquer contrato publicitário com a editora.
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