Diagrama tático da jogada que norteou as ações do Corinthians |
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Se havia alguma dúvida, ela se dissipa. Mesmo que muitos tenham citado o título do Paulistão deste ano como contraponto aos insucessos em grandes decisões, de grandes campeonatos, faltava a Mano Menezes um bom desempenho. Agora, com o Corinthians campeão - e não apenas isso, mas jogando bem - ele se redime das más decisões tomadas em competições como Libertadores e Copa do Brasil, respectivamente com Grêmio e Corinthians.
Hoje o Corinthians manteve seu 4-3-3, também interpretado por muitos como um 4-5-1 (ou 4-2-3-1), dependendo da perspectiva de quem vê Jorge Henrique e Dentinho como atacantes - minha corrente de pensamento - ou como meias. Mesmo jogando no Beira-Rio, mesmo em vantagem do 2 a 0 no primeiro jogo, Mano não recuou seu time. Não abdicou do sistema original de jogo em nome do defensivismo.
O futebol premia quem tem coragem. Mano Menezes teve. Ele não arriscou ao manter seu 4-3-3. Do contrário. Arriscado seria se apequenar. Modificar uma estrutura sólida. O Corinthians jogou, marcou com a bola, e teve um desempenho irrepreensível no primeiro tempo. Como bem definiu Tite em sua entrevista coletiva, o Corinthians manteve o sistema tático mas com boas variações no movimento sincronizado de jogadores.
Por exemplo: Mano Menezes, com todo o corredor esquerdo para apoiar em função da permanência de Bolívar na base, resolveu triplicar a movimentação sobre o lateral-direito colorado. Ali apoiou André Santos, ali jogou Dentinho, e ali também circulou Ronaldo. Três jogadores sobre Bolívar, tirando Índio da área em cobertura, arrastando Glaydson, bagunçando o sistema defensivo colorado.
O principal resultado deste movimento triplo sobre Bolívar foi o ingresso em diagonal de Jorge Henrique no centro da área. Vejamos: Dentinho se mantém aberto na esquerda; Ronaldo sai do meio para a esquerda; e o camisa 9 arrasta consigo Jorge Henrique, que ingressa da direita para o meio, às costas do espaço aberto por Ronaldo.
Neste espaço, Jorge Henrique marcou o primeiro gol, em jogada de linha de fundo no setor de Bolívar. Neste espaço ele já havia feito um, bem anulado por impedimento.
A movimentação de Ronaldo foi ainda responsável pelo segundo gol. Ele recua do meio para a esquerda, em retorno típico de um pivô, e tabela com André Santos. De novo no setor de Bolívar.
Mano teve uma recaída, justificada pelo título, no 2º tempo. Recuou a equipe, cedeu campo ao Inter, trocou jogadores de frente por marcadores. Mas com a nítida intenção de quebrar o ritmo do jogo. Não foram alterações táticas. Afinal, ele só pretendia frear o ímpeto de uma equipe que precisava marcar cinco gols.
Parabéns ao Mano Menezes. Os ares de São Paulo têm feito muito bem para a consolidação de conceitos táticos que alijam o defensivismo recente, em nome da consolidação de um sistema, com alternativas na movimentação de atletas, e com a busca inteligente pela vitória.
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