Como joga a Inter de Milão campeã (tetra) na Itália: 4-4-2 em losango, variando apoio pelos dois lados, e com muita bola na área para os atacantes |
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A Inter de Milão tetracampeão italiana sob comando de José Mourinho conquistou o título nacional atuando com um sistema tático bastante semelhante ao adotado por Tite no Inter: o 4-4-2 com meio-campo em losango. Vale ressaltar, antes do início do debate, que as comparações são táticas e impessoais, e não técnicas e pontuais.
As diferenças da Inter de Milão e do Inter no 4-4-2 com meio em losango são proporcionadas pelas estratégias de cada treinador. Claramente, Mourinho e Tite seguem caminhos diferentes nas táticas de grupo e individuais em função das características de seus jogadores - ou melhor, do elenco.
Na Inter de Milão, a linha defensiva sai pela direita, com Maicon. Maxwel (ou Santon) são os laterais-base pela esquerda, enquanto o brasileiro é quem apoia, e com muito vigor. Na comparação com o Inter, há uma inversão. Na linha defensiva colorada, Kléber apoia pela esquerda, e Bolívar faz a base na direita.
O meio-campo segue o mesmo princípio - desenho idêntico, estratégias diferentes. A Inter de Milão joga com um vértice centralizado como primeiro volante (Cambiasso), dois apoiadores lateralizados (Muntari na esquerda, Zanetti na direita) e Stankovic como ponta-de-lança, centralizado e próximo dos atacantes Ibrahimovic e Balotelli.
Mourinho, para equilibrar as ações pelos dois lados, segura Zanetti - que já foi lateral - para a cobertura de Maicon, adiantando o meia argentino à segunda bola. O apoiador ofensivo é Muntari, que faz o vai-vém (box-to-box inglês) com muito vigor, ocupando o espaço não explorado por Maxwel, e aproximando-se de Ibrahimovic para as tabelas. Stankovic é um ponta-de-lança, que marca a saída de bola adversária, e atua com grande poder de conclusão à média distância. Ele também retorna para abrir espaço às infiltrações de Cambiasso.
Com isso, apesar do desenho em losango, a estratégia difere bastante da colorada. O Inter de Tite tem em Sandro um volante mais fixo que Cambiasso, jogador que passa da linha constantemente, e retorna para a cobertura, principalmente pela esquerda. Magrão e Guiñazu são jogadores que combinam apoio e marcação, podendo até mesmo subir simultaneamente, enquanto no italiano, Zanetti restringe-se mais à marcação, e Muntari empurra o time para frente. E a maior diferença se dá entre Stankovic e D'Alessandro: o primeiro é ponta-de-lança, conclui as jogadas; já o argentino é um pensador - ele quem prepara as jogadas, organiza o time, distribui a bola para os lados e para o ataque.
Na frente, mais semelhanças de posicionamento, e diferenças de função. A Inter de Milão conta com jogadores fortes fisicamente - Ibrahimovic e Balotelli, que gostam do combate físico. Ambos variam as diagonais, sempre tendo um deles no pivô, e outro na saída pelo lado. E o time, com Maicon, Stankovic e Muntari, cruza bastante na área para as jogadas pelo alto, já que Ibra (principalmente) é muito bom cabeceador. Já o Inter de Tite, apesar do posicionamento igual (Nilmar aberto na direita, Taison na esquerda), tem como estratégia ofensiva as infiltrações pelo chão, com diagonais incisivas nos passes de D'Alessandro para encontrar os atacantes de velocidade às costas da defesa.
Essa comparação entre Inter de Milão e Inter se presta para facilitar uma bela compreensão conceitual aqui no blog Preleção: as diferenças entre tática e estratégia, e entre posicionamento e função. O sistema tático do time italiano e do time gaúcho é igual (4-4-2 com meio-campo em losango), mas as estratégias encontram diversas peculiaridades (um joga pelos lados, outro pelo meio; um prefere a bola aérea, outro a infiltração pelo chão); vale o mesmo para o posicionamento dos jogadores, muito semelhante na Inter e no Inter, mas cada um cumprindo funções muito diferentes.
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