Dátolo soube jogar às costas da segunda linha do River Plate, que se posicionou no 4-1-4-1 |
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Ano passado, o camisa 23 do Boca Juniors se afirmou como um grande jogador: Dátolo. Fundamental para a equipe campeã do último torneio Apertura, ele já deixou de ser uma promessa. E começo a vê-lo brigando pela presença nas convocações futuras do técnico Maradona na Argentina, afinal, o craque do país vizinho chegou ao comando da seleção para dar início à renovação.
Dátolo é aquele jogador que na Inglaterra se convencionou chamar de box-to-box. A tradução mais ou menos literal é "jogador de área a área". Ou seja: atua em uma grande faixa de campo que vai da proteção aos zagueiros em frente à própria área, até a articulação e conclusão de jogadas ofensivas no campo adversário.
No Boca Juniors, Dátolo é imprescindível para Riquelme. Carlos Ischia, em seu sistema tático 4-4-2, adota como estratégia o meio-campo em losango. Neste desenho, Battaglia é o vértice central, um volante à antiga; Vargas pela direita e Dátolo na esquerda estão na segunda linha; e Riquelme é o vértice adiantado, ao estilo ponta-de-lança, aproximando-se dos atacantes.
Mas como Vargas tem características mais defensivas, naturalmente ele acaba centralizando seu posicionamento quando o time tem a posse de bola, sendo uma espécie de segundo volante. Este movimento permite que Dátolo atue como um "quase-winger" pelo lado esquerdo, fazendo parceria com o excelente lateral apoiador Morel Rodriguez, e atraindo Riquelme para a triangulação.
Mas ontem, no Torneio de Verão da Argentina, o Boca Juniors enfrentou o rival River Plate, no Superclássico, sem Riquelme - ainda recuperando a forma física. Jogou Gracián, que entrou e saiu sem ser percebido. Dátolo teve então personalidade para assumir o protagonismo da partida. E intensificou sua movimentação de área a área, em uma dobradinha qualificada com Morel pelo lado esquerdo.
Dátolo marcou o primeiro gol - o de empate - concluindo pela esquerda dentro da pequena área, devido à total inoperância do ataque do Boca. E no segundo tempo, ele organizou a jogada que terminou com o pênalti sofrido por Noir. Cobrou e fez o 2 a 1, sendo o craque da vitória no Superclássico. Uma atuação que se torna superlativa quando se contextualiza que o volante Battaglia foi expulso no primeiro tempo, ainda no 0 a 0, obrigando Dátolo a ser mais marcador, sem perder a chegada à frente. Aliou raça e qualidade. Nota 10 no Superclássico de ontem para Dátolo.
No lado esquerdo da seleção, em sua primeira partida - vitória de 1 a 0 sobre a Escócia - Maradona utilizou o veloz e competente Gutierrez em uma linha de quatro no meio-campo, ao estilo britânico. Ele já adiantou que, do Boca Juniors, deve convocar apenas Battaglia e Riquelme. Com o camisa 10, ele provavelmente modificará o desenho do meio-campo (Riquelme é mais lento e menos marcador para atuar em linha, precisa ser protegido por volantes).
Se esta projeção se concretizar - a Argentina com meio-campo em quadrado ou losango - Dátolo poderia brigar pela posição com Gago para ser o segundo volante, aprimorando a saída de bola pela esquerda, e reproduzindo a dobradinha com Riquelme.
Talvez no futuro poderemos ver se Dátolo vai continuar atuando de maneira tão qualificada no Boca Juniors a ponto de ser convocado por Maradona.
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